domingo, maio 29, 2011
segunda-feira, maio 23, 2011
De maneira irônica, a charge mostra como a situação dos aposentados no Brasil está precária. Comparando duas estátuas em avançado estado de deterioração, tendo ao fundo a de Apolo as colunas e templos gregos e a do aposentado o Congresso Nacional, o chargista Bosco indica que a situação do aposentado, graças a nossos políticos, está tão desgastada que esse desgaste pode ser comparado ao desgaste sofrido por séculos e séculos de ação do tempo sobre as estátuas gregas. Como diz o título, ambos estão "abandonados pelo tempo". Enquanto nossos políticos não tomam providências para melhorar a qualidade de vida dos aposentados brasileiros, eles ficam jogados à própria sorte, desprovidos de qualquer tipo de amparo do Estado. Amparo ao qual, segundo a Constituição, deveriam ter acesso.
Análise de Charge
Mais uma vez Waldez faz uma referência às constantes notícias sobre alagamentos na capital paraense para criticar outros problemas que os cidadãos sofrem. Enquanto que na charge acima o mote é a subida da "maré de preços", a "cheia" citada nessa charge é a cheia das multas aplicadas no trânsito de Belém. O chargista mostra, assim, que não são apenas as chuvas que caem em excesso: as multas também são excessivas. Como podemos perceber no desenho do semblante dos motoristas e passageiros, assim como os alagamentos, tal excesso de multas causa desespero, um sentimento de pânico e perplexidade. Os motoristas mal conseguem dirigir em meio a tantas multas. Mais uma vez, quem sofre é o consumidor de classe média, que não tem grandes carrões - são carros simples os desenhados pelo chargista. São problemas da cidade olhados pelos olhos de quem consegue traduzir em desenho o sofrimento da população em geral, e, portanto, consegue criar entre o leitor e o jornal um sentimento de cumplicidade.
Entrevista com J. Bosco, Chargista de O Liberal
J. Bosco Jacob é caricaturista, ilustrador, cartunista e chargista do jornal O Liberal há 23 anos. Bosco, possui vários prêmios nacionais e internacionais. Com trabalhos publicados nas revistas Veja, Você SA, Semana, Imprensa, Focus, revista Francesa Le Monde Magazine. Livros didáticos das editoras Scipione, Saraiva,Moderna, ÁTICA e FTD. Uma pessoa gente boa e muito bem humorado.
T. R: Qual a importância da charge no jornal impresso atualmente?
J.Bosco - Desde o começo da imprensa no Brasil que a charge sempre teve seu papel preponderante. Na época do império a charge era uma das armas contra a corrupção no regime monárquico. D.Pedro I e II tiveram seus registros.
Hoje não mudou nada este cenário, e os chargistas continuam a registrar nossa história através das charges. Sua importância e seu crescimento estão conduzindo hoje um tipo de leitor mais exigente e mais crítico. Com esse avanço alguns jornais deram certo destaque para as charges na 1ª página. Outros jornais contratam mais de um chargista. A Folha de São Paulo tem 3 chargista, isso mostra a força e a rapidez do texto visual editorial.
T. R: Em sua opinião a charge pode influenciar os leitores?
J.Bosco: - Sem sombra de dúvida, somos fazedores de opinião. Em tempos de eleição, os candidatos e seus assessores ficam de olho aberto nos chargistas...rsss. Qualquer recado crítico em uma charge envolvendo um candidato vem logo a pergunta: "esse chargista é partidário daquele candidato?"... e se você insistir em denunciar os escândalos envolvendo um político, você passa a ser o alvo do "leitor" partidário daquele candidato. Então, essa força da charge já deu muitos processos e demissões, por envolver o leitor dos interesses particulares. Nesse caso o chargista precisa do respaldo do jornal pra não atacar gratuitamente aquele político. Afinal nada é inventado, tudo é retratado como notícia através da crítica e do humor.
J.Bosco: - Sem sombra de dúvida, somos fazedores de opinião. Em tempos de eleição, os candidatos e seus assessores ficam de olho aberto nos chargistas...rsss. Qualquer recado crítico em uma charge envolvendo um candidato vem logo a pergunta: "esse chargista é partidário daquele candidato?"... e se você insistir em denunciar os escândalos envolvendo um político, você passa a ser o alvo do "leitor" partidário daquele candidato. Então, essa força da charge já deu muitos processos e demissões, por envolver o leitor dos interesses particulares. Nesse caso o chargista precisa do respaldo do jornal pra não atacar gratuitamente aquele político. Afinal nada é inventado, tudo é retratado como notícia através da crítica e do humor.
T. R: O processo de escolha das charges do dia, passa pelo mesmo processo editorial das matérias?
J.Bosco - Não necessariamente, o chargista bem “antenado” tem suas próprias pautas. Ele tem um modelo de criação de fatos que bem cedo a internet e os telejornais mostram.A charge imediatista perde um pouco a rapidez, evita que o cartunista use três assuntos, apenas aquele que todo mundo passou perto da TV e se ligou. Fica uma charge pobre, parece que fica sempre faltando a outra leitura, exemplo são as charges de futebol, que o povão não precisa raciocinar pra entender a ligação dos outros assuntos, ele quer a "porrada" direta e pronto, pra fazer gozação com o torcedor adversário. Eu costumo fazer charge com dois ou três assuntos, pra dar uma riqueza maior ao trabalho.
T. R: O local reservado para as charges dentro do impresso obedece algum estudo anterior para que ela tenha mais visibilidade?
J.Bosco - Todos os jornais usam a charge na página de opinião, às vezes na 2ª ou 4ª página. É lá seu lugar mais certo, ao lado dos artigos. Não gosto de charges na capa, ela briga e atrapalha as fotos. Quanto a visibilidade o autor que tem que transformá-la numa grande vitrine, do contrário ele será desprestigiado.
T. R: Você tem autonomia para a escolha e produção das charges?
J.Bosco - Totalmente, conquistei esse prestígio ganhando vários salões de humor no Brasil e no Mundo.Quando entrei no jornal O Liberal a linha editorial era conservadora, não se falava de charge apenas em reprodução das mesmas charges do Globro, do Chico Caruso, quando fui contratado já tinha uma bagagem em cartum e charges na Aprovíncia do Pará em 1988.Sempre estive ligado nas charges que saiam no nanico Pasquim, sou dessa geração.Sei como construir uma charge que agrade gregos e troianos..rsss
Uso um traço simples e expressivo, o mais importante dela é o resultado da mensagem, a opinião, o embelezamento do desenho acaba desfocando a crítica, quanto mais simples e engajada seu poder de fogo fica muito maior.
T. R: Qual a importância da associação da charge com a matéria principal da edição do dia?
J.Bosco - Nem sempre isso é importante, como já falei do imediatismo atrapalhando assuntos mais engraçados e que podem ser mesclados para o enriquecimento dela. A matéria principal nem toda vez gera uma grande charge, se o chargista seguir essa regra ele vai deixar de abordar outros assuntos que poderiam render o entendimento do leitor mais rápido.Assuntos de ontem, hoje fica mais cravado para o leitor, claro que ele precisa usar essa técnica na hora certa.O Angeli faz isso com muita genialidade e é por isso, que se tornou o melhor do Brasil, sempre usando um perfil comportamental nas charges, ele não desenha políticos bonitos, todos ficam caricatos feios e engraçados.
T. R: Qual a editoria mais trabalhada e o tema mais recorrente e polêmico?
J.Bosco - Os assuntos importantes hoje nos jornais são política e economia, no meio deles você vai encontrar os escândalos, matéria prima para os chargistas.
Os desastres,guerras,terrorismo,acidentes,mortes,são assuntos delicados e que o chargista precisa de cautela pra não ferir na hora de retratar a desgraceira.É melhor deixar que a Tv, mídia favorável ao caos de encarregue das imagens escabrosas...rss.quando uma charge vem com aquela imagem da "Morte", o leitor se sente ofendido com aquele desenho de mal gosto e começa mandar emails dizendo que o cartunista foi indelicado, usando humor negro, essas coisas...rss
J.Bosco - Não necessariamente, o chargista bem “antenado” tem suas próprias pautas. Ele tem um modelo de criação de fatos que bem cedo a internet e os telejornais mostram.A charge imediatista perde um pouco a rapidez, evita que o cartunista use três assuntos, apenas aquele que todo mundo passou perto da TV e se ligou. Fica uma charge pobre, parece que fica sempre faltando a outra leitura, exemplo são as charges de futebol, que o povão não precisa raciocinar pra entender a ligação dos outros assuntos, ele quer a "porrada" direta e pronto, pra fazer gozação com o torcedor adversário. Eu costumo fazer charge com dois ou três assuntos, pra dar uma riqueza maior ao trabalho.
T. R: O local reservado para as charges dentro do impresso obedece algum estudo anterior para que ela tenha mais visibilidade?
J.Bosco - Todos os jornais usam a charge na página de opinião, às vezes na 2ª ou 4ª página. É lá seu lugar mais certo, ao lado dos artigos. Não gosto de charges na capa, ela briga e atrapalha as fotos. Quanto a visibilidade o autor que tem que transformá-la numa grande vitrine, do contrário ele será desprestigiado.
T. R: Você tem autonomia para a escolha e produção das charges?
J.Bosco - Totalmente, conquistei esse prestígio ganhando vários salões de humor no Brasil e no Mundo.Quando entrei no jornal O Liberal a linha editorial era conservadora, não se falava de charge apenas em reprodução das mesmas charges do Globro, do Chico Caruso, quando fui contratado já tinha uma bagagem em cartum e charges na Aprovíncia do Pará em 1988.Sempre estive ligado nas charges que saiam no nanico Pasquim, sou dessa geração.Sei como construir uma charge que agrade gregos e troianos..rsss
Uso um traço simples e expressivo, o mais importante dela é o resultado da mensagem, a opinião, o embelezamento do desenho acaba desfocando a crítica, quanto mais simples e engajada seu poder de fogo fica muito maior.
T. R: Qual a importância da associação da charge com a matéria principal da edição do dia?
J.Bosco - Nem sempre isso é importante, como já falei do imediatismo atrapalhando assuntos mais engraçados e que podem ser mesclados para o enriquecimento dela. A matéria principal nem toda vez gera uma grande charge, se o chargista seguir essa regra ele vai deixar de abordar outros assuntos que poderiam render o entendimento do leitor mais rápido.Assuntos de ontem, hoje fica mais cravado para o leitor, claro que ele precisa usar essa técnica na hora certa.O Angeli faz isso com muita genialidade e é por isso, que se tornou o melhor do Brasil, sempre usando um perfil comportamental nas charges, ele não desenha políticos bonitos, todos ficam caricatos feios e engraçados.
T. R: Qual a editoria mais trabalhada e o tema mais recorrente e polêmico?
J.Bosco - Os assuntos importantes hoje nos jornais são política e economia, no meio deles você vai encontrar os escândalos, matéria prima para os chargistas.
Os desastres,guerras,terrorismo,acidentes,mortes,são assuntos delicados e que o chargista precisa de cautela pra não ferir na hora de retratar a desgraceira.É melhor deixar que a Tv, mídia favorável ao caos de encarregue das imagens escabrosas...rss.quando uma charge vem com aquela imagem da "Morte", o leitor se sente ofendido com aquele desenho de mal gosto e começa mandar emails dizendo que o cartunista foi indelicado, usando humor negro, essas coisas...rss
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